Matilde: Uma Luta Constante de Volta ao Seu Eu

O Ataque Invisível

Coração a mil, suores frios, visão a escurecer e a sensação angustiante de que ia morrer. Foi assim, sem aviso, que Matilde teve o seu primeiro ataque de pânico — sozinha, no quarto, a ver uma série no final de um dia aparentemente comum.

"O meu coração começou a acelerar imenso, não conseguia controlá-lo. Depois comecei a suar muito das mãos, sentia muito calor e muito frio ao mesmo tempo. Comecei a ver tudo preto. Eu pensei mesmo: vou morrer."

Matilde sempre se considerou uma pessoa ansiosa e stressada, mas nunca imaginou que o seu corpo pudesse reagir de forma tão extrema. Aquela noite foi apenas o início de uma espiral que a deixou refém dos seus próprios sintomas. Nos meses seguintes, tudo passou a girar em torno do medo de voltar a sentir o mesmo.

Sem compreender o que estava a acontecer, procurou respostas médicas. Foram vários os exames, consultas e análises — sem que nenhum resultado explicasse o que estava a viver. Só depois de passar por um cardiologista atento é que surgiu a hipótese de que a origem fosse emocional, não física. Esta revelação coincidia com um período de enorme exigência: exames, decisões académicas e pressão constante.

"Estava numa fase da minha vida que andava sempre a mil, mas eu não sentia. Só depois, quando comecei a sentir estes sintomas, é que comecei a perceber que algo não estava bem."

O Medo Que Controla a Vida

O medo de ter outro ataque tornou-se ele próprio um gatilho para novos episódios. Chegou a ter quatro ataques de pânico por dia. A vida de Matilde encolheu drasticamente. Deixou de sair, de se encontrar com amigos, de ser espontânea. A vergonha e o receio de perder o controlo em público fizeram com que se isolasse.

"Já nem queria sair de casa porque me sentia envergonhada. Ou então, quando saía, era tipo: sei que vou demorar 15 minutos, portanto vou e volto, e não faço mais nada."

A liberdade deu lugar à contenção. As rotas eram planeadas ao minuto. A alegria foi substituída pela hiper vigilância constante. Matilde já não se reconhecia. E, ainda assim, mesmo neste estado, sentiu que precisava de ajuda — mas encontrar a ajuda certa mostrou-se mais difícil do que esperava.

Começou por consultar um psicólogo. Após quatro meses sem progresso, seguiu para a psiquiatria. A experiência com a medicação foi tudo menos tranquilizadora.

"Eu chegava ao psiquiatra e ele aumentava a dose, aumentava a dose. Cheguei a tomar a segunda dose mais forte. Três Xanax por dia! Eu nem conseguia andar."

Matilde acabou por estar a tomar 15 comprimidos por dia, entre ansiolíticos e antidepressivos. Não falava, não raciocinava, não funcionava. Desesperada, tomou uma decisão drástica: parou toda a medicação de uma vez, contra todas as recomendações médicas.

Um Outro Caminho

Num desses dias em que tudo parecia perdido, Matilde viu uma placa da Clínica da Mente numa autoestrada. Foi um impulso, um último esforço — mas que se revelou transformador. Ligou. Marcou. Foi.

"Logo na primeira consulta senti uma à vontade enorme. Consegui falar, consegui explicar o que se passava, o que sentia, o que tinha. E já no primeiro tratamento comecei a sentir melhorias."

A abordagem emocional e personalizada fê-la sentir-se escutada — verdadeiramente escutada. Sem rótulos, sem pressas, sem respostas pré-fabricadas. Com o tempo, as consultas deixaram de ser semanais. Os ataques de pânico começaram a desaparecer. E Matilde começou a recuperar a liberdade.

Voltou a sair sozinha. Voltou a estar com pessoas. Voltou a sentir controlo sobre a própria vida. Mas, mais do que isso, voltou a reconhecer-se.

"Neste momento eu já me reconheço. Há uns meses atrás eu não era eu. Não sei quem era. Não reconhecia as minhas atitudes, os meus pensamentos. Mesmo fisicamente, não me reconhecia minimamente, porque eu não estava bem."

A recuperação trouxe-lhe mais do que alívio dos sintomas — trouxe-lhe de volta a Matilde autêntica. Aquela que tinha sido engolida pelo medo, pela ansiedade, pela vergonha.

A Força de Pedir Ajuda

Hoje, Matilde partilha a sua história com uma convicção: pedir ajuda não é fraqueza, é coragem. É reconhecer que algo não está bem e fazer algo por si.

"Por que é que as pessoas não têm vergonha de dizer que têm um braço partido, mas têm vergonha de dizer que têm ansiedade? Isso para mim não faz sentido nenhum. É um problema como os outros e tem de ser tratado como os outros, e não escondido."

A sua maior aprendizagem? Que não tem de enfrentar tudo sozinha. Que pedir ajuda é um ato de inteligência emocional e amor-próprio. Que, tal como um osso partido precisa de um médico para ser tratado, a mente também precisa de cuidados.

"Vou sempre pedir ajuda quando for preciso. Isso é o que eu preciso levar mais para o futuro: pedir ajuda se for preciso. Obviamente, sozinha não consegues tanto."

A história de Matilde é mais do que um testemunho sobre ansiedade e ataques de pânico. É uma história sobre reconexão, transformação e sobre o poder de voltar a sentir-se inteira.

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Veja o Testemunho Completo

Assista ao vídeo completo do testemunho da Matilde na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente:

Matilde: Uma luta constante de volta ao seu eu | Eu Dou a Cara