Rosa: Quando A Depressão Nos Leva Ao Fundo
À Beira do Abismo: Quando a Vontade de Viver Desaparece
A história da Rosa começa no limite da dor psicológica. Durante meses, talvez anos, ela caminhou até ao fundo da depressão — tão fundo que, por várias vezes, esteve literalmente à beira de se atirar ao rio.
"Parava muitas vezes na ponte do Prado a olhar o rio. Se não tinha ninguém atrás de mim, se não ia passar ninguém na ponte... pensava: se era a altura de me atirar lá abaixo? Eu não sei nadar. Eu morria logo."
Mas, no último instante, algo mudava.
"De repente, algo me aparecia diferente. A água mudava. Parece que o sol escurecia. Algo se fazia de positivo. E eu, com muita tristeza... pegava no saco e ia embora para casa."
Estas visitas tornaram-se frequentes. Rosa admite que foram "muito mais do que três ou quatro" — eram muitas. Sempre movida por um impulso de desistência, sempre travada por um instinto de sobrevivência.
O Vazio Invisível: Quando a Vida Perde o Sentido
Rosa descreve a depressão como uma sensação de inutilidade e invisibilidade. Mesmo rodeada de família, casa, segurança, tudo parecia sem sentido.
"Começou uma tristeza... uma profunda tristeza em mim. Sentia que andar aqui não fazia diferença nenhuma. Não fazia sentido. Era como se eu não estivesse cá. Como se não houvesse o amanhã."
Este vazio era agravado pela culpa. A Rosa via-se como um fardo para os outros — uma perceção comum em estados depressivos profundos.
"Tens marido, tens filhos, tens casa... e mesmo assim caíste. Mas caí. Fui ao fundo. Dei trabalho ao meu marido, aos meus filhos. E eu pensava: 'Isto não vale nada. Eu ando aqui a fazer o quê?'"
A sensação de não merecer existir tornou-se tão presente que passou a ser parte da sua identidade. A própria família, na tentativa de ajudar, acabou por reforçar essa ideia.
"A minha família vestiu-me uma capa de doente. Eu estava doente, mas talvez não tanto quanto eles pensavam. Mas vesti aquela capa, e era doente. Era doente mesmo para a minha família."
A Escuridão Interior: O Corpo, a Voz e o Grito
Poucas pessoas conseguem descrever com tanta força o que se sente num episódio depressivo profundo. Rosa fala de um sofrimento tão absoluto que chega a tocar o corpo.
"Vocês nem imaginam o que é andarmos em tamanho sofrimento. O nosso coração é vermelho... mas não é. É preto. É escuro. Não há luz. Não há caminho. Não há vida. Não há nada."
Este sofrimento não era passivo. Rosa gritava. Berrava. Falava com as paredes, na esperança de ser ouvida, de ser entendida.
"Gritava em casa, gritava para as minhas paredes, gritava para todo o lado! Mas não havia... não havia nada."
Em casa, o sofrimento traduzia-se em discussões com o marido. Mesmo sem motivo, Rosa sentia que precisava de criar tensão. Era a única forma que conhecia para expressar a dor.
"Às vezes, o meu marido chegava e eu não queria conversar — queria discutir. Era discutir. E se não tinha motivo, eu arranjava. Tentava arranjar."
A Chegada à Clínica: O Medo de Esperar Demais
Quando decidiu procurar ajuda na Clínica da Mente, Rosa estava sem esperança e profundamente desconfiada. Não queria entrar. Não queria falar.
"Vim triste, desanimada... Isto não vai dar em nada! Não vai fazer nada. Saí da primeira consulta a pensar: 'Eu não volto mais. Eu não quero! Eu estou fraca. Eu estou frágil. Não quero passar por isto. Vai ser forte demais. Eu vou ter de relembrar a minha vida. Eu não consigo...'"
Apesar da relutância inicial, algo a fez voltar. E assim começou um processo lento, mas transformador.
Durante esse tempo, ainda enfrentou mais provações — incluindo contrair COVID. Mas não desistiu.
O Renascimento: "Eu Não Sou a Mesma Pessoa"
Pouco a pouco, Rosa começou a mudar. A cada sessão, sentia-se mais leve. Começou a gostar de si, de se vestir, de se ouvir.
"Eu gosto de rir, gosto de ouvir música, gosto de me arranjar. Gosto de mim própria! Mas nós esquecemo-nos de nós nesta dor."
Com o tempo, os dias escuros tornaram-se mais espaçados. As pequenas coisas ganharam brilho: o seu cão, o rádio, a casa — tudo o que antes lhe parecia indiferente, agora a fazia feliz.
"Olhai, eu sou feliz por ouvir o rádio todos os dias. Sou feliz porque tenho um cãozinho e está comigo o dia todo. Detestava a minha casa — agora adoro, adoro, adoro a minha casa!"
Ela descreve este novo estado como um renascimento.
"Eu renasci para a vida. Não sou a mesma pessoa. Mesmo que as pessoas pensem que sou... não sou! Estou a dizê-lo de coração profundo!"
Uma Nova Perspetiva: Paz, Simplicidade e Gratidão
A transformação de Rosa não foi só interna — refletiu-se na forma como agora olha para o futuro. Já não procura grandes conquistas, mas sim serenidade e sentido nas coisas mais simples.
"Cheia de projetos... Projetos que o dia-a-dia nos vai dando. Um dia... depois outro dia... Nada de querer um carro, uma casa, um avião. Coisas simples. Saúde em primeiro lugar. Paz interior."
E conclui com um dos testemunhos mais puros e humanos sobre recuperação:
"Eu sou uma pessoa... cheia de vida."
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Assista ao vídeo completo do testemunho da Rosa na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente:
Rosa: quando a Depressão nos leva 'ao fundo' | Eu Dou a Cara