Susana: Uma Obsessao Que Se Tornou Uma Agressao

A Busca de Segurança Fora de Si

Durante muitos anos, Susana procurou segurança onde não a podia verdadeiramente encontrar: nos outros. Atraía-se por pessoas fortes, figuras que lhe transmitiam a estabilidade que não conseguia gerar dentro de si mesma. Era uma ligação intensa, quase instintiva — mas que acabava por afastar quem mais queria por perto.

"Eu agarrava-me às pessoas fortes, às pessoas que têm personalidade forte. Até amigas que tinha, que me transmitiam bastante segurança. E depois, de tanto querer que elas estivessem à minha beira para transmitir essa energia positiva que elas me transmitiam, eu acabava por asfixiá-las."

Esse padrão de dependência emocional foi-se tornando cada vez mais evidente, até ser identificado como uma obsessão compulsiva — uma forma de apego que ultrapassava o equilíbrio e se tornava dolorosa para todos os envolvidos.

"Disseram-me que eu tinha uma obsessão compulsiva, que era uma pessoa obsessiva compulsiva, que era muito insegura."

A ansiedade constante levou-a a recorrer a ansiolíticos desde muito cedo, numa tentativa de gerir o desconforto interno que crescia quando sentia que podia ser rejeitada ou afastada.

"Desde os meus 26 anos que tomo ansiolíticos, porque eu praticamente não conseguia estar com a minha família, não conseguia estar com os meus filhos."

O Efeito na Família e o Ciclo da Rejeição

Enquanto Susana tentava manter-se próxima das pessoas que considerava seguras, acabava por descuidar aqueles que estavam sempre ao seu lado — os filhos e a família.

"O meu foco era sempre as pessoas que me davam essa segurança, e acabava por os meus filhos acabarem por ser prejudicados, e a minha família, porque eu ficava muito irritada se eu fosse desprezada."

Essa necessidade de atenção e validação exterior criava um ciclo emocional desgastante. A dor da rejeição, mesmo que apenas percebida, era trazida para casa e transformava-se em mágoa, frustração, tristeza.

"Se me faltavam essas pessoas do meu lado, eu revoltava-me por completo... e trazia para casa a mágoa, tristeza de ser ignorada pelas pessoas. Eu não queria isso para mim."

Com o tempo — e com terapia — Susana começou a reconhecer o impacto que este comportamento tinha nos outros. O que antes via como simples "necessidade" passou a ser entendido como uma forma de invasão emocional.

"Eu agora compreendo perfeitamente que fui uma agressão psicológica para essas pessoas, e aproveito para pedir desculpas."

A Resistência a Ver o Problema

Durante muito tempo, Susana recusou aceitar que precisava de ajuda. Mesmo quando os outros a alertavam, insistia que aquele era apenas o seu modo de ser — uma personalidade intensa, mas não doente.

"As pessoas diziam muitas vezes 'estás doente, precisas de tratamento', e eu dizia para mim: 'Não passa estou doente, isto é a minha maneira de ser'. E eu nunca reconhecia que realmente estava doente."

Essa negação durou anos, até que atingiu um ponto de saturação emocional. Foi quando se sentiu verdadeiramente no fundo que reconheceu a urgência de mudar.

"Foi preciso quase chegar ao fundo, bater no fundo, para reconhecer que realmente estava doente."

A Viragem: Descobrir as Raízes

Foi nesse momento que começou a trabalhar com a Doutora Isabel, terapeuta que conseguiu fazer aquilo que ninguém antes tinha feito: explorar a fundo a sua história emocional e perceber a origem daquela dependência.

"A Dra. Isabel conseguiu entrar, fazer um backup desde que eu nasci até agora. Ela conseguiu, e nunca ninguém tinha feito isso comigo."

Através do processo terapêutico, Susana começou a ligar os pontos. A insegurança, o medo do abandono, a necessidade constante de atenção — tudo tinha uma história, uma origem. E só compreendendo essas raízes poderia começar a curar-se.

As Primeiras Mudanças: Redescobrir-se

Susana queria resultados imediatos. Como tantas pessoas que começam um processo de transformação, esperava resolver tudo em pouco tempo. Mas cedo percebeu que o caminho seria longo — e que precisava de paciência.

"Sinceramente, pensei que iria ficar boa logo no mês. Isto era a minha expectativa. E só depois é que me apercebi que realmente o meu problema era bastante grave."

Foi ao fim de cerca de três meses que começou a sentir algo novo — um reencontro consigo mesma, com uma parte esquecida que não precisava dos outros para se sentir segura.

"Ao fim de três meses é que eu senti realmente que era a Susana, aquela Susana que gostava dela própria, e começava a ver-se a ela própria sem precisar de mais ninguém."

Essa mudança interna, embora subtil, foi profunda. Pela primeira vez em muito tempo, começou a olhar para o espelho e a gostar do que via.

"Neste momento, sinto-me muito mais segura, mais feliz, gosto muito mais de mim. Olho para mim no espelho e já me gosto de ver, uma coisa incrível."

Uma Nova Relação com o Mundo

À medida que se libertava da necessidade de aprovação exterior, também mudou o tipo de relações que procurava. Em vez de correr atrás de quem lhe dava segurança, passou a valorizar a paz, a autenticidade, e a tranquilidade.

"Uma coisa incrível que eu agora sinto é uma necessidade imensa de paz. Eu não consigo estar onde há muita confusão. Quero momentos de paz, quero estar com pessoas que eu sinta que gostam de estar comigo."

Susana também reconhece que poderia ter procurado ajuda mais cedo. Anos de sofrimento poderiam ter sido evitados.

"Ainda bem que pedi ajuda, mas acho que podia ter pedido ajuda há muito mais tempo, porque sofri durante muitos anos com este problema."

Uma Mensagem para Quem Precisa de Ouvir

Agora, depois de tudo o que viveu e aprendeu, Susana deixa uma mensagem clara: não te escondas atrás do sofrimento. Não fiques preso à vergonha. Procura ajuda — porque há sempre saída.

"As pessoas é que não se refugiem nos seus problemas, no que possam sentir, e que procurem ajuda o mais depressa possível. E não tenham vergonha de dizer que estão doentes psicologicamente, porque há sempre uma salvação para esses problemas."

Está a Lidar com Dependência Emocional?

A Clínica da Mente está aqui para ajudar. Conheça o nosso programa especializado em tratamento de problemas de dependência emocional e obsessão através da Psicoterapia HBM, e descubra como podemos ajudar a recuperar a sua autonomia e bem-estar.

Marque uma Consulta

Veja o Testemunho Completo

Assista ao vídeo completo do testemunho da Susana na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente:

Susana: Uma obsessão por mulheres que se tornou uma agressão | Eu Dou a Cara