Uma angústia transformada em recomeço
A jornada do Jorge para superar uma década de depressão profunda
No fundo do poço... e mais abaixo ainda
A depressão pode levar-nos a lugares tão sombrios que parecem não ter fim. Para Jorge, essa escuridão durou mais de uma década, um período que ele descreve com uma metáfora impactante.
"Na altura em que a minha vida andou muito para trás e que realmente não podia cair mais baixo... já nem estava no fundo do poço, estava mesmo no subsolo do subsolo do poço."
Um aspeto particularmente doloroso da experiência de Jorge foi o isolamento autoimposto, que durou anos inteiros.
"Passei anos em que simplesmente não falava com ninguém. Não estou a falar de dias nem meses, foram anos inteiros em que não comunicava com ninguém."
Quando a saúde física desencadeia a procura de ajuda
Curiosamente, o que finalmente levou Jorge a procurar ajuda não foi diretamente a depressão, mas um problema de saúde física que surgiu quando ele estava a tentar recuperar-se emocionalmente.
"O que desencadeou o pedido de ajuda foi outro problema de saúde. Tive um tumor e dois cálculos localizados na mesma zona, e foi muito complicado porque estava a tentar recuperar-me e voltei a cair."
Jorge enfatiza a duração extraordinária do seu sofrimento, sublinhando que uma depressão típica geralmente não se prolonga por tanto tempo.
"Normalmente uma depressão... costumo dizer que uma depressão crónica, ou uma angústia, ou seja o que for, não dura tanto tempo assim, não é?"
O abandono e o apoio
Um dos aspetos mais dolorosos da experiência de Jorge foi a perceção de que os seus amigos o tinham abandonado durante o seu período mais difícil.
"Para mim, o que mais me custou, sinceramente, foi ver os meus amigos a desaparecerem. Foi o que mais me magoou."
No entanto, durante o seu processo de recuperação, Jorge ganhou uma nova perspetiva sobre esta situação, reconhecendo que talvez ele próprio também se tenha afastado dos amigos.
"Provavelmente não eram tanto eles a afastarem-se de mim, mas talvez eu também me tenha afastado deles. Mas para mim, naquela altura, foi muito complicado."
Apesar do abandono sentido, Jorge teve o apoio da sua família mais próxima, o que foi crucial para a sua sobrevivência durante este período difícil.
"Felizmente tive a minha família, principalmente os mais próximos, que me acompanharam durante todo este processo."
A busca por ajuda profissional
Jorge também procurou ajuda profissional através da psiquiatria, embora inicialmente tivesse preconceitos sobre esta forma de tratamento.
"Fui ao psiquiatra, embora tivesse sempre pensado que a psiquiatria era para pessoas com problemas mentais graves, mas cheguei à conclusão que realmente não é assim."
No entanto, o tratamento psiquiátrico, baseado principalmente em medicação, não resolveu completamente os seus problemas.
No limite: pensamentos suicidas
A depressão de Jorge era tão severa que ele chegou a contemplar o suicídio, um indicador da gravidade do seu sofrimento.
"Era um peso tão grande que não conseguia suportar. Como disse, cheguei a tentar o suicídio."
Jorge descreve como frequentemente passava por um outdoor da Clínica da Mente, mas inicialmente descartava a possibilidade de procurar ajuda lá.
"Passava várias vezes pela A4 quando ia ao Porto e via um placar gigantesco da Clínica da Mente sobre 'Depressão' e outros problemas, e pensava para mim próprio: 'mais uns charlatães'."
O ponto de viragem: procurar ajuda na Clínica da Mente
Eventualmente, Jorge ganhou coragem para procurar ajuda na Clínica da Mente, onde conheceu o Dr. Pedro e a Dra. Joana.
"E foi assim que um dia ganhei coragem e fui falar com o Doutor Pedro. Tive uma primeira consulta com ele e com a Doutora Joana."
Inicialmente, Jorge duvidava que o tratamento pudesse ajudá-lo, refletindo o seu ceticismo persistente.
"No início achava que não ia conseguir. Sou franco, no princípio estava mesmo convencido de que não iria resultar."
O caminho para a recuperação
Gradualmente, Jorge começou a perceber que o tratamento estava a seguir o caminho certo e que ele poderia superar os seus problemas.
"Mas pouco a pouco fui percebendo que estavam a seguir o caminho certo e que eu conseguiria ultrapassar essa fase, esse lado negro que me atormentava constantemente."
Um aspeto significativo da depressão de Jorge era a sua fixação no passado e nas perguntas sem resposta sobre por que certas coisas tinham acontecido com ele.
"No passado não pensava em nada além de: 'porque é que isto me aconteceu?', 'porque é que eu tive que...', 'porque é que eu era cristão?', 'porque é que trabalhei tanto para conseguir alguma coisa?', 'porque é que de um momento para o outro fiquei sem nada?'"
Uma nova perspetiva: viver o presente
Hoje, Jorge afirma que superou completamente essas preocupações com o passado, o que representa um marco significativo na sua recuperação.
"Tudo isso para mim está completamente ultrapassado. Já não penso nessas questões, isso hoje faz parte do passado."
Jorge conclui o seu testemunho com uma perspetiva mais equilibrada sobre o futuro, focando-se no presente.
"Agora se me perguntar 'Jorge, daqui para a frente o que vai acontecer?', não sei, não posso dizer porque não adivinho o futuro. Estou ciente de que não me vou preocupar com o que passou, isso já não é importante. Vou focar-me mais no presente e, como costumo dizer lá em casa, viver um dia de cada vez."
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