Filipa: E Preciso Força Até Para Se Ser Frágil

Quando a Ansiedade Silencia a Vida

Filipa vivia prisioneira da ansiedade. Os ataques de pânico tornaram-se uma constante — momentos intensos, assustadores, que deixavam a mente em caos e o corpo em alerta total. Suores, palpitações, pensamentos trágicos e um medo paralisante tomavam conta de tudo.

"Vou morrer! Agora, é agora... Vai-me dar aqui alguma coisa... Vou ter um ataque... E vou morrer!"

Mais do que sintomas físicos, era uma dor psicológica profunda. Mesmo quando os ataques não estavam presentes, o desgaste era brutal. O corpo exausto, a mente hiperalerta. Filipa tentava explicar o que sentia, mas poucos compreendiam.

"É uma dor psicológica. Eu não posso dizer: 'Ah dói-me um braço.' Porque as pessoas não compreendem. Eu sinto-me tão mal, que me dói!"

A Força Que se Esconde Atrás de Uma Máscara

Durante anos, Filipa escondeu a ansiedade. Mostrava-se ao mundo como alguém forte, determinada, sempre capaz. Mas era uma força aparente — uma personagem que interpretava para os outros.

"Fazia-me sempre de forte… mas, quando estava sozinha, perdia-me nestes sentimentos."

A pressão de parecer bem e a recusa em mostrar fragilidade levaram-na a adiar a procura de ajuda. O tempo passava e o sofrimento aumentava. A pessoa feliz e enérgica que costumava ser começou a desaparecer. Aos poucos, a ansiedade passou a dominar o dia a dia. As quebras emocionais tornaram-se mais frequentes. E o isolamento foi crescendo.

A Fragilidade que se Tenta Esconder

Filipa evitava partilhar o que sentia — mesmo com os mais próximos. O medo de parecer fraca levava-a ao silêncio. Só quando os pais descobriram a gravidade da situação, perceberam que algo estava profundamente errado. Ainda assim, ela não conseguia assumir o que se passava.

"Não queria mostrar que também tinha fragilidades. Isso desgastou-me muito psicologicamente."

A máscara de força tornou-se uma prisão. As saídas com amigos tornaram-se raras. A alegria genuína desapareceu. As estratégias para parecer bem já não chegavam. A ansiedade ocupava todos os espaços — até dentro de casa.

"Sentia que não conseguia ser eu própria. Não conseguia ser feliz, nem fazer o que as pessoas da minha idade faziam."

O Caminho Até ao Primeiro Passo

A decisão de procurar ajuda foi constantemente adiada. Filipa conhecia a Clínica da Mente há anos, mas encontrava sempre um motivo para não marcar consulta. Faculdade, trabalho, desculpas... até que chegou ao limite.

"Foi preciso chegar ao ponto de não aguentar mais. Mesmo assim, hesitei. Pensei: 'E se for dinheiro mal gasto?' 'E se não resultar?'"

Quando finalmente foi à primeira consulta, estava no seu ponto mais frágil. Tinha perdido peso, autoestima, energia. Já não se arranjava, não se reconhecia. E, mesmo sentada no consultório, lutava contra a vontade de não falar.

"Lembro-me bem… estava a chorar, sem parar. Não queria mostrar o quanto estava mal, mas não conseguia controlar."

Ainda assim, sentiu algo importante: confiança. As terapeutas compreenderam-na sem julgamentos. Ajudaram-na a fazer ligações que ela própria não via. Era o começo de algo novo.

Apoio Familiar: O Alicerce Essencial

Num momento em que pensava desistir, os pais foram determinantes. Encorajaram-na a continuar. Reforçaram que não havia problema em procurar ajuda. Que, se aquela abordagem não funcionasse, iriam procurar outras.

"Disseram-me: 'Gostaste da clínica? Achas que te podem ajudar? Então vais! E se não resultar, tentas outra vez.'"

Esse apoio foi decisivo para que Filipa não recuasse. Nos dias de dúvida, nos altos e baixos das primeiras semanas, era a voz da família que a mantinha em movimento. A cada nova consulta, pequenos progressos surgiam. E com eles, a esperança.

Uma Nova Perspetiva Sobre Si e Sobre o Futuro

A transformação de Filipa não foi imediata, mas foi profunda. De alguém que via o futuro como uma parede escura, passou a conseguir vislumbrar possibilidades. Não tinha todas as respostas, mas já conseguia perguntar: "E se for possível ser feliz?"

"A Filipa de antes não via um caminho. Agora… talvez eu não saiba exatamente qual é, mas sinto que ele existe."

Essa mudança trouxe-lhe uma nova relação com a vida. A ansiedade não desapareceu por completo, mas perdeu força. Deixou de controlar cada passo. O medo já não era o centro das decisões. E isso, para ela, já era libertador.

A Força de Ser Frágil

Uma das maiores lições do processo foi aceitar que não precisava de ser forte o tempo todo. Que era possível ser frágil — e que isso, na verdade, era uma força. Ao permitir-se ser vulnerável, abriu caminho à verdadeira cura.

"Tu não precisas de ser forte. Tu podes ser frágil. Toda a gente é frágil. E tu vais conseguir — com a ajuda dos outros."

Hoje, Filipa sabe que não tem de resolver tudo sozinha. Que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria. E que, com a equipa certa ao lado, é possível reconstruir o que parecia perdido.

Uma Mensagem para Quem Ainda Está em Silêncio

Para quem está a viver o que ela viveu, Filipa deixa um recado claro: não adiem mais. Não deixem que o medo da opinião dos outros vos impeça de procurar ajuda. E, acima de tudo, lembrem-se de que há uma saída.

"Às vezes, só precisamos de alguém que nos dê um empurrãozinho. E não há vergonha nenhuma nisso."

A jornada de Filipa é mais do que um testemunho de superação. É um lembrete poderoso de que há vida para além da ansiedade. Que, com o apoio certo, até os dias mais escuros podem dar lugar a novas manhãs.

Você também está a lutar contra a ansiedade ou ataques de pânico?

Na Clínica da Mente, compreendemos como a ansiedade pode silenciar a sua vida e roubar a sua alegria. A nossa abordagem terapêutica pode ajudá-lo a redescobrir a sua força interior e a aprender que ser vulnerável também é ser forte.

Assim como a Filipa, você também pode encontrar um novo caminho e uma nova perspetiva sobre si mesmo e sobre o futuro.

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Assista ao vídeo completo do testemunho da Filipa na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente:

Filipa: É preciso força até para se ser frágil | Testemunho