Fatima: Uma Mae Sem Chao Com Um Diagnostico De Poc
Quando o Meu Filho Pediu Ajuda
Foi de repente. Fátima não estava à espera de ouvir aquilo do filho. Um simples pedido, mas carregado de urgência: "Mãe, preciso de ajuda. Quero ir a uma psicóloga."
"O início disso tudo foi o Diogo assim de repente me pedir para ir a uma psicóloga, que estava a precisar de ajuda."
Assustada, marcou de imediato uma consulta. Só mais tarde perceberia que este momento era o culminar de um sofrimento silencioso que o Diogo já trazia consigo há muito tempo. Tentava lidar com pensamentos persistentes, perturbadores — mas já não conseguia mais.
"E aí eu disse: 'Pronto, é só uns pensamentos que eu tenho, que já tenho há muito tempo, mas está cada vez mais difícil conseguir lidar com isso.'"
Um Diagnóstico Desconcertante
Na primeira consulta, veio o diagnóstico: Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Para Fátima, foi como se o chão lhe tivesse desaparecido debaixo dos pés.
"Onde foi diagnosticado, e eu fiquei um bocado sem chão, porque então agora o que é que vamos fazer?"
Sem experiência com o tema, mergulhou na pesquisa. Precisava de compreender o que o filho estava a viver. O nome do problema soava-lhe familiar, mas não o conhecia de verdade.
"Pesquisei muito sobre o problema dele. Também não tinha conhecimento nenhum acerca desse problema. O nome não me era estranho, mas tive de ler muito para tentar entendê-lo e ajudá-lo da melhor forma."
Iniciaram o tratamento tradicional: medicação e psicoterapia.
"O que me disseram foi que este problema é tratado com medicação e como complemento depois a psicoterapia."
O TOC No Dia-a-Dia
Os pensamentos obsessivos do Diogo, especialmente difíceis de verbalizar, centravam-se em temas que o atormentavam profundamente. A angústia era tanta que, por vezes, só conseguia dizer à mãe que eram "pensamentos muito, muito maus".
"Inicialmente eram só os pensamentos, e ele ficava muito aflito: 'Agora o que é que eu faço, mãe? O que é que eu faço?' [...] Só me dizia que eram pensamentos muito maus."
Com o tempo, surgiram os rituais. Acordar, vestir, tomar banho, deitar-se — tudo era atravessado por repetições e repetições.
"Tanto era levantar da cama e deitar-se outra vez muitas vezes. Depois do banho também demorava muito. E tudo, basicamente em tudo o que ele fazia - o vestir ou despir, o calçar - era difícil porque ele tinha que voltar atrás muitas vezes."
Eram horas perdidas em rituais, sobretudo na casa de banho.
"Nem o podia deixar sozinho. E a casa de banho, ele estar três, quatro horas para conseguir sair de lá."
Mesmo trajetos simples tornaram-se impossíveis de cumprir normalmente. O Diogo pedia para voltar ao mesmo ponto e recomeçar o caminho — vezes sem conta.
"Tínhamos que repetir o mesmo percurso a partir do mesmo sítio. Ele começava a ficar com um estado de ansiedade complicado, e depois acabava por já não querer ir de carro."
A Escola Tornou-se Impossível
A escola, onde o Diogo até tentava continuar, foi afetada profundamente. A escrita tornou-se um desafio intransponível. Qualquer palavra escrita podia não estar "certa", e tinha que a riscar e reescrever. Às vezes, nem o nome conseguia escrever.
"Ele escrevia, riscava, para tentar escrever com outras palavras, mas acabava a maior parte das vezes... 'Não consigo, não posso tirar apontamentos.' Até o simples nome dele era difícil ele escrever."
Os dias eram imprevisíveis. Alguns eram melhores, outros mais duros. Quando o TOC tomava conta, o Diogo nem conseguia sair de casa.
"Tinha dias muito piores que outros, os dias em que ele acordava já mal, e ele já sabia que o dia ia ser muito mal. Às vezes nem pedia para ir trabalhar, nem pedia para ir à escola."
Tudo era difícil. Ligar a televisão, mexer no computador — tudo exigia repetições, contagens. E, muitas vezes, Fátima nem sabia porquê.
"Ele deixava de conseguir ligar o computador, coisas básicas tipo ligar a televisão ou desligar, para ele era complicado, porque depois tinha que repetir aquilo várias vezes."
"Fazia umas contagens que eu nunca cheguei a entender, porque ele não verbalizava os pensamentos que tinha."
Procurar Uma Alternativa
Apesar dos esforços com o tratamento tradicional, Fátima percebia que o filho continuava a piorar. Sentia-se perdida. Mas sabia que não podia desistir.
"Eu pensei: 'Bom, eu tenho que procurar outra coisa, porque o Diogo não pode ficar sem tratamento, não é? É impossível viver assim.'"
Foi então que encontrou a Clínica da Mente. Marcaram uma consulta com o Dr. Pedro Brás. Ele não escondeu a gravidade do caso — mas também não fechou as portas à esperança.
"Logo na primeira consulta, viu a gravidade da situação dele, disse logo que era um dos casos mais complicados de tratar, mas que o iam ajudar se ele quisesse, se ele tivesse disposto a fazer o tratamento."
Diogo aceitou. E, com o tempo, o inacreditável aconteceu.
Uma Transformação Radical
Em poucas semanas, começaram a notar diferenças. O verão mal tinha terminado e já o Diogo parecia outro.
"Pronto, nós começámos em julho. A partir do final do verão, já estava completamente diferente."
Os rituais começaram a desaparecer. A ansiedade diminuiu. O Diogo voltou a sair de casa, a ir para a escola, a viver. Já não falavam do TOC em casa — falavam de passeios ao Porto, de coisas simples.
"Neste momento, o Diogo já não se fala nesse assunto em casa, e ele só fala em quando é que vamos ao Porto, porque gosta muito."
Voltou até a fazer um estágio numa loja de roupa — algo impensável meses antes.
"Ele agora vai para a escola normalmente, esteve a fazer o estágio dele numa loja de roupa onde dobra roupas a toda a hora, coisa que pegar em roupas para ele era impossível."
Uma Mensagem para Outros Pais
Fátima não esquece o desespero que sentiu. A incerteza, o medo, a sensação de impotência. Mas hoje, depois de tudo o que viu o filho conquistar, deixa uma mensagem a quem esteja no início desta jornada:
"Há realmente esperança e há tratamento para isto. [...] Eu estava completamente perdida..."
"E não desesperem, porque há solução."
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Assista ao vídeo completo do testemunho da Fátima na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente:
Fátima: Uma mãe 'sem chão' com um diagnóstico de POC | Eu Dou a Cara