Diana: Viver Numa Bolha Chamada Depressão
Quando tudo mudou: o início invisível da queda
Diana tinha 17 anos quando a sua vida começou a mudar de forma silenciosa, mas profunda. Os avós, que até então viviam sozinhos numa aldeia no norte do país, mudaram-se para junto da família por já não conseguirem cuidar de si.
"Vieram para ao pé de nós porque já não tinham capacidade para estarem sozinhos. E então a nossa vida mudou completamente. Passou a ser tudo, de certa forma, sobre eles."
Ainda a terminar o secundário, e com os exames nacionais à porta, Diana foi engolida por uma nova rotina: responsabilidades domésticas, cuidados com os avós, menos tempo para si. A pressão começou a crescer — e a mostrar-se.
"Era uma responsabilidade muito grande. E foi aí que as coisas começaram a piorar."
No dia do exame de História, o único que lhe faltava para concluir o secundário, acabou no hospital. Não o pôde fazer. Ficou fora do ensino superior.
"E então a minha família, e eu, achámos que já que ia ficar parada, o ideal era ficar com os meus avós. Foi a pior coisa que podia ter feito."
A tristeza escondida e o corpo a ceder
Foi nesse período, em casa, que Diana começou a sentir que algo não estava bem. As noites eram passadas a chorar em silêncio, e os dias seguiam como se nada fosse. Uma exaustão constante, uma dor sem nome, uma tristeza sem fim.
"Passava as noites inteiras a chorar. Doía-me. E depois de manhã, levantava-me e ia trabalhar como se nada fosse."
Começou a tomar medicação para a ansiedade — o primeiro de muitos comprimidos ao longo dos anos. Mas por dentro, algo lhe dizia que essa não era a solução completa.
"Nem sei o nome do primeiro medicamento. Depois vieram muitos. Pensava: 'Isto é para me ajudar', mas ao mesmo tempo sentia que não era a maneira certa."
Foi também nessa altura que entrou pela primeira vez naquilo que hoje reconhece como um episódio depressivo profundo. A vida parecia congelada, sem cor nem motivação.
"Estava sempre na minha bolha. Não queria fazer mais nada. Ajudava os meus avós e pronto. Sempre muito triste."
A mãe foi a primeira a perceber que Diana já não era a mesma. Já não escondia totalmente a dor — o brilho tinha desaparecido.
"A certa altura, deixei de ser eu. Foi aí que perceberam: 'Há aqui qualquer coisa que não está bem.'"
Quando procurar ajuda já não é opcional
Seguiu-se psicoterapia, consultas com uma psicóloga e médica de clínica geral, mais medicação. E também tentativas fora da medicina convencional — reiki, acupuntura, tudo o que lhe recomendavam. Procurava uma solução. Mas nenhuma parecia resolver de forma duradoura.
"Fiz tudo o que me sugeriram. Mas nada resultava. Era como se estivesse sempre a tentar puxar-me, mas sem força."
Até que um dia, viu algo sobre a Clínica da Mente. Comentou com a mãe, ainda hesitante. Estava cansada de tentar e falhar.
"Pensei: 'E se for mais uma vez em que dou tudo e não resulta?' Mas depois olhei para a fase em que estava e pensei: 'Assim também não quero ficar. Vou tentar.'"
E tentou. E desde a primeira consulta, notou algo diferente. Pela primeira vez, alguém lhe apresentou um plano claro, estruturado, com passos concretos. E isso devolveu-lhe algo que há muito tinha perdido: entusiasmo.
"Não foi só: 'Vamos ver no que dá'. Foi mesmo um plano. Fiquei super fascinada."
Recuperar a energia, o apetite — e a vontade de viver
Comprometeu-se com o processo. Decidiu dar tudo. E, com o tempo, começaram a surgir pequenos sinais de mudança: mais energia, mais vontade, mais apetite.
"Eu sou muito enérgica, mas estava completamente parada. Quando voltei a sentir energia, percebi: 'Isto está a funcionar'."
O apetite também voltou — sinal claro de que o corpo começava a recuperar do colapso silencioso.
"Lembro-me de alturas em que nem sequer comia. Só fazia a refeição com a família para não notarem. Quando voltei a ter apetite, foi uma vitória."
E o mais surpreendente foi a mudança interna, nos pensamentos e na forma como via a vida.
"Hoje em dia penso coisas e percebo: 'Antes não pensavas assim'. A forma como olho para tudo mudou."
Aprender a dizer "não" e voltar a ser ela própria
Um dos maiores desafios — e conquistas — foi aprender a estabelecer limites. Antes, dizia "sim" a tudo, mesmo quando isso a magoava. Agora, sabe quando parar.
"Antes dizia que sim a tudo, mesmo que me magoasse. Agora já bato o pé. Ainda custa, mas já sei dizer que não."
Percebeu que cuidar de si é essencial. Que se não se colocar também em primeiro lugar, volta ao mesmo buraco de onde saiu.
"Tenho de cuidar de mim. Senão, volto ao mesmo sítio."
Hoje, usa diariamente o que aprendeu na terapia. Não como algo teórico, mas como uma ferramenta viva. Até nos momentos de tristeza.
"Agora permito-me estar triste, mas não alimento a tristeza. Antes mandava-me abaixo. Agora é bola para a frente."
Falar sem vergonha: transformar a dor em força
Diana diz que a Clínica da Mente foi mais do que um tratamento. Foi uma escola. E hoje, aplica o que aprendeu — não só consigo, mas até com os outros.
"Aprendi tanto que agora aplico no dia a dia. Até ajudo outras pessoas. Foi mesmo uma escola para mim."
Por isso, decidiu falar abertamente sobre o que viveu. Porque sabe que o silêncio pode matar. E que ouvir alguém que já passou por isso pode salvar.
"Comecei a falar do assunto abertamente porque percebi que não há vergonha nenhuma em precisar de ajuda."
Sabe que há muita gente que ainda esconde o que sente. Que tem medo, ou já foi julgada. E quer ser uma voz que mostra que é possível sair do fundo.
"As pessoas precisam de ouvir histórias assim. Saber que há saída. Que há volta a dar."
Hoje, Diana vive com energia, com emoções intensas — como sempre foi — e com a consciência de que a recuperação é um caminho. Mas é um caminho que vale a pena.
"Consegui dar a volta por cima. E hoje em dia, já sou eu outra vez."
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Assista ao vídeo completo do testemunho da Diana na série "Eu Dou a Cara" da Clínica da Mente: