Liliana: 30 anos a carregar o peso do passado
A jornada de Liliana para se libertar dos traumas e redescobrir a alegria de viver
A luta diária contra a depressão
A depressão manifesta-se de formas devastadoras, afetando não apenas quem sofre, mas todos à sua volta. Para Liliana, esta realidade traduziu-se numa luta diária apenas para realizar as tarefas mais básicas do quotidiano.
"Eu tinha de fazer um esforço enorme para sair da cama todos os dias, para me levantar, para ir levá-las à escola, para fazer o comer para elas. Simplesmente não conseguia fazer nada!"
Esta dificuldade em realizar tarefas simples é um sintoma comum da depressão grave. Para Liliana, a situação tornou-se tão insuportável que os pensamentos suicidas começaram a dominar a sua mente.
"Houve muitos momentos em que eu queria suicidar-me. Não era só porque me sentia mal... Sentia que fazia mal a toda a gente e queria acabar com a minha vida."
O dilema maternal: quando o amor pelos filhos não é suficiente
O que torna o testemunho de Liliana particularmente comovente é a consciência do impacto que o seu eventual suicídio teria nas suas filhas. Apesar de reconhecer o sofrimento que causaria, a intensidade da sua dor era tal que o desejo de pôr fim à vida persistia.
"Independentemente de saber que ia fazer sofrer as minhas filhas, era o que eu queria fazer. Não queria estar com ninguém. Sentia que só estorvava as pessoas, que só estava a fazer mal às minhas filhas. E queria morrer, não queria mais nada senão morrer."
A depressão de Liliana manifestou-se também através da perda de interesse em atividades que anteriormente lhe davam prazer, um sintoma conhecido como anedonia.
"Adorava ir ao ginásio, deixei de ir. Adorava conduzir, mas passei a ter muito medo. Adorava ir trabalhar, mas já não conseguia. Várias coisas que eu fazia e gostava, deixei de fazer todas. Até uma simples ida ao supermercado deixei de conseguir fazer."
Esta transformação foi particularmente dolorosa para Liliana, que se descrevia como uma pessoa naturalmente alegre.
"Eu sempre fui uma pessoa bastante alegre. E... de repente, estava ali numa cama sem querer nada, nem ninguém, sem querer ver ninguém. Considero que foi um ano completamente perdido."
O impacto na família: quando os filhos testemunham o sofrimento
O impacto da depressão de Liliana estendeu-se às suas filhas, particularmente à mais velha, que testemunhou de perto o sofrimento da mãe.
"A minha filha mais velha também sofreu muito. Ela tem 13 anos e apercebeu-se de como eu estava. Chorava ao meu lado, sem saber o que me dizer, sem saber o que fazer, sozinha muitos dias comigo..."
Paradoxalmente, foram precisamente as suas filhas que a impediram de concretizar o suicídio. O amor maternal e a preocupação com o futuro das filhas sem a sua presença acabaram por ser mais fortes.
"Porque não conseguia suportar o sofrimento que estava a causar às minhas filhas. O que me impediu de cometer esse ato foram elas. Pensar no sofrimento que elas iriam ter mais tarde se eu já não estivesse presente na vida delas."
O primeiro raio de esperança
A viragem na história de Liliana começou quando ela encontrou esperança através dos testemunhos de outras pessoas que tinham passado por situações semelhantes.
"Através dos testemunhos, pensei que... senti uma esperança. Senti uma esperança de ser tratada e de resolver tudo o que tinha para resolver, todas aquelas coisas do passado que me perturbavam..."
Quando Liliana começou o tratamento, sentiu imediatamente os primeiros sinais de alívio. Os sintomas físicos e emocionais da depressão começaram gradualmente a diminuir.
"Senti logo um alívio. Principalmente aquela dor que sentia no peito... parecia que ia aliviando aos poucos. A tristeza também ia desaparecendo gradualmente."
Libertando-se do peso de 30 anos
Um aspeto crucial do processo de recuperação de Liliana foi o confronto com traumas do passado que carregava desde a infância. Estes traumas não resolvidos tinham sido um peso constante ao longo de 30 anos da sua vida.
"Eu sentia um fardo, tinha problemas do meu passado desde criança que não tinha conseguido ultrapassar. E quando entrei na clínica, todos esses problemas e aquele peso que eu carregava foram finalmente resolvidos."
O tratamento ajudou Liliana a desenvolver uma nova perspetiva sobre o seu passado, permitindo-lhe libertar-se do peso que carregava e focar-se no presente e no futuro.
"E fez-me ver que eu tinha de encarar tudo aquilo que tinha passado de uma forma melhor. Porque era passado e eu tinha era de viver o futuro. E ficou resolvido! Esse peso que carreguei durante 30 anos ficou completamente resolvido."
Uma nova perspetiva sobre a vida
Hoje, Liliana sente-se uma pessoa diferente, livre dos tormentos do passado e com uma nova atitude perante a vida e os seus desafios.
"Hoje em dia já não me atormenta. Sinto-me diferente e sinto que aqui aprendi muitas coisas. A felicidade somos nós que a construímos. E eu aprendi isso aqui."
O contraste entre a Liliana do passado e a Liliana do presente é notável, refletindo a profunda transformação que ocorreu através do seu processo de recuperação.
"A Liliana do passado era uma pessoa triste, sempre a chorar, com problemas por resolver. E agora sou uma Liliana que sente que tudo ficou resolvido. Todas as mágoas que eu tinha estão resolvidas. E sinto-me... sinto vontade de viver, uma vontade enorme de ser feliz. Lutar para ser feliz!"
O testemunho de Liliana é uma poderosa mensagem de esperança para todos aqueles que sofrem de depressão, especialmente para aqueles cujo sofrimento está enraizado em traumas do passado. A sua história demonstra que, com o tratamento adequado, é possível libertar-se do peso do passado e redescobrir a alegria de viver.
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