Serei vítima de Violência Doméstica? | Porto Canal

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Mais de 450 mulheres foram assassinadas em Portugal nos últimos 12 anos e 526 foram vítimas de tentativa de homicídio, a grande maioria por parte de homens com quem viviam uma relação de intimidade.


A Violência Doméstica tem vindo a aumentar progressivamente mas infelizmente o número de detenções tem vindo a diminuir e o número de inquéritos arquivados aumenta. 


Este flagelo não deve ser silenciado! Esteja alerta e identifique precocemente se está a ser vítima de violência doméstica. 


Se está na presença de um ou mais dos comportamentos abaixo enumerados pode significar que sofre de violência doméstica. Sobretudo se ocorrerem com o intuito de controlar a outra pessoa e sobre ela exercer dominância e sensação de anulação.

Sinais de ALERTA

  • Ter medo do temperamento da pessoa e da forma como ela possa reagir, sobretudo em situação de discórdia;
  • Sentir que a outra pessoa ridiculariza e subestima aquilo que lhe diz, fazendo-o sentir inferior;
  • A outra pessoa humilha-o à frente dos seus amigos ou de outras pessoas;
  • Sentir que está sob ameaça, ainda que implícita, o que inibe de se comportar como seria a sua forma comum de o fazer;
  • Ser vítima de agressão ou ameaça de agressão de qualquer tipo (por exemplo, pontapé, palavrões ou chantagem);
  • Inibir-se de estar com amigos, família ou outras pessoas, por medo da forma como a outra pessoa irá reagir;
    Ser forçado a manter estilos de comportamentos que vão contra a sua maneira de ser, de forma a evitar conflitos com a outra pessoa;
  • Sentir-se pressionado a justificar tudo o que faz porque a outra pessoa deseja ter controle constante sobre si;
  • Sujeitar-se aos desejos da outra pessoa por medo que esta revele a sua orientação sexual ou identidade ou expressão de género;
  • Pedir autorização para questões que sente que deveria ter independência de o poder fazer, por medo generalizado da outra pessoa.

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Ciclo da Violência

A Violência Doméstica funciona como um sistema circular que apresenta, regra geral, três fases:

  1. Fase de aumento da tensão: as tensões quotidianas acumuladas pelo/a agressor/a que este/a não sabe/consegue resolver, criam um ambiente de perigo iminente para a vítima que é, muitas vezes, culpabilizada por tais tensões.
    Sob qualquer pretexto o/a agressor/a direcciona todas as suas tensões sobre a vítima. E os pretextos, que podem ser muito simples, são usualmente situações do quotidiano, como exemplo, acusar a vítima de não ter cozinhado ou cozinhado com sal a mais, de ter chegado tarde a casa ou a um encontro, de ter amantes, etc.

  2. Fase do ataque violento: o/a agressor/a maltrata, física e psicologicamente a vítima (homem ou mulher), que procura defender-se, esperando que o/a agressor/a pare e não avance com mais violência.
    Este ataque pode ser de grande intensidade, podendo a vítima por vezes ficar em estando bastante grave, necessitando de tratamento médico, ao qual o/a agressor/a nem sempre lhe dá acesso imediato.

  3. Fase do apaziguamento ou da lua-de-mel: o/a agressor/a, depois da tensão ter sido direccionada sobre a vítima, sob a forma de violência, manifesta-lhe arrependimento e promete que não vai voltar a ser violento/a.

    Pode invocar motivos para que a vítima desculpabilize o comportamento violento, como por exemplo, ter corrido mal o dia, ter-se embriagado ou consumido drogas; pode ainda invocar o comportamento da vítima como motivo para o seu descontrolo. Para reforçar o seu pedido de desculpas pode tratá-la(o) com delicadeza e tentar seduzi-la(o), fazendo-a(o) acreditar que, de facto, foi essa a última vez que ele/a se descontrolou.

    Este ciclo é vivido pela vítima numa constante de medo, esperança e amor. Medo, em virtude da violência de que é alvo; esperança, porque acredita no arrependimento e nos pedidos de desculpa que têm lugar depois da violência; amor, porque apesar da violência, podem existir momentos positivos no relacionamento.

    O ciclo da violência doméstica caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez maior e mais intensa a fase do ataque violento. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio.

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