Saúde Mental: os homens também choram e sofrem...

Expressar emoções é sinal de fraqueza?

Vivemos numa sociedade que prioriza e admira “pessoas fortes”. Querendo com isso dizer que a razão deve sobrepor-se ao sentimento, que o sentimento deve ser de certa forma escondido ou camuflado. Muitas pessoas ainda educam os filhos, principalmente do género masculino, no sentido de que devem ser fortes e corajosos, para não parecerem fracos perante os demais.

Desde cedo, os meninos aprendem com os seus pais que não devem expressar vulnerabilidade ou até carinho. Desde cedo, os meninos aprendem a suprimir essas respostas emocionais naturais como chorar ou mesmo algumas expressões faciais de tristeza ou medo. Esta aprendizagem repetida ao longo dos vários anos de crescimento e desenvolvimento da personalidade acaba por dar lugar a adultos completamente inconscientes das suas próprias emoções. Estes adultos já não sabem, por exemplo, que ficar frustrado por não ter a atenção da sua esposa quando chegam a casa após um dia exigente é algo que têm “o direito” de sentir e que é algo natural. O estigma social não aceita que eles se sintam carentes.

Muitos homens optam por reprimir as suas emoções. Entre as emoções mais frequentemente reprimidas ou “proibidas” teremos, por exemplo: a tristeza, o medo, o ciúme, a inveja, o luto, a culpa, a vergonha, a saudade, a carência, o ressentimento ou até o amor. Estas emoções poderão dar então lugar a emoções mais “aceitáveis” como, por exemplo: a raiva, o ódio, a euforia, o orgulho ou a alegria. O problema aqui surge quando a emoção original é substituída e reprimida por outra emoção devido ao estigma social.

Esta camuflagem pode provocar uma tensão emocional acrescida no homem, podendo verificar-se o surgimento de perturbações emocionais tais como a Depressão e a Ansiedade. Existem diversos estudos que apontam para o facto de as mulheres procurarem mais facilmente apoio psicológico do que os homens. Esta incapacidade ou falta de vontade em procurar ajuda, impulsionadas pelo estigma social, podem prejudicar a própria saúde física e mental dos homens. É um equívoco considerar que as mulheres sofrem mais de doenças psicológicas baseando-se na procura da ajuda. Muitas vezes os homens sofrem em silêncio…

Quanto mais depressa o homem se desfizer deste estigma, mais facilmente ele se libertará dessa tensão. Isto implica uma abertura para o autoconhecimento, isto é, disponibilidade para explorar as próprias vulnerabilidades e fragilidades. Torna-se mais difícil atingir os objetivos de vida sem aceitarmos plenamente quem somos, sem aceitarmos e conhecermos os nossos erros, as nossas inseguranças e as nossas dúvidas.

As pessoas mais corajosas são aquelas que se mostram imperfeitas para o mundo. O caminho para a felicidade e para o equilíbrio emocional no homem exige que ele assuma as suas vulnerabilidades. Encarar riscos, ter coragem de ser imperfeito e errar exigem uma exposição emocional necessária ao processo de crescimento e desenvolvimento. Em troca, ele conseguirá atingir as suas maiores conquistas!