"Eu quero um futuro diferente e sei que isso depende de mim." | Testemunho

jovem paciente da clínica da mente junto à árvore de natal de costas

Vou fazer uma comparação daquilo que eu era como estudante e daquilo que eu sou agora, desde que ando nestas sessões na Clínica da Mente.

Antes, quando eu estava num teste, qualquer coisa me distraía, por exemplo, estava na sala e via o tempo a passar, olhava para a janela, só sentia que tinha que estar ali aqueles 50 minutos. Via os outros empenhados, ali a fazer o teste, mas eu não sabia a matéria, eu sempre fui uma aluna empenhada e bem-comportada mas tinha medo de escrever alguma coisa estúpida que os professores ao corrigirem iam-se rir na minha cara, então eu lia os exercícios e não entendia nada…. Comecei a habituar-me a ser assim e fiquei desinteressada, perdi muita matéria…nunca tinha pensado em repetir um ano! 

Agora acho que me fez bem acabar por repetir o ano. Agora sei que estou na área certa do secundário! Ter reprovado obrigou-me a estar mais na minha própria companhia, centrar-me mais em mim e ajudar-me.

Agora consigo estar atenta nas aulas, tenho boa-disposição e ,quando saio para os intervalos já tenho outros risos, outras conversas. Aproveito melhor esses 2 momentos: o das aulas e o dos intervalos, dá para tudo. Antes a motivação para ir para a escola era para estar com os meus amigos e com o meu namorado. Eu apenas precisava de estar nas aulas e, por isso, não faltava.

Agora, a vontade de querer ser alguém e ter um bom futuro fazem-me perceber porque é que estou ali naquelas aulas. Eu quero um futuro diferente e sei que isso depende de mim.

Pela 1.ª vez, faço os testes de uma maneira diferente, estudo de uma maneira diferente. Gosto de me sentir bem no fim do teste, daquela sensação de que me correu bem o teste, de estar bem enquanto faço o teste! 

Antes só pensava que não sabia o exercício e a sensação de desespero levava-me a desistir, agora sabe bem a sensação de alívio de saber fazer as coisas! É tudo isto que agora me está a motivar para a escola, para ir para a escola de manhã, para participar nas aulas. Afinal, errar todos nós erramos, esse medo já não me impede de tentar.

Como aluna, já opto por não estar ao lado de certos colegas porque sei que vou ter mais dificuldade em concentrar-me, mas não quero que ninguém leve a mal. Eu sei que me deixo influenciar por outras coisas muito facilmente.

Se eu pudesse dizer aos professores 3 dicas para cativar os alunos eram estas:

1) O professor deve mostrar interesse e estar próximo dos alunos, mas sempre com um “limite” para alguns não abusarem;

2) Para ensinar, deve mover-se na sala de aula, e não estar sempre na secretária, e usar exemplos do dia-a-dia “Como a minha Professora de Matemática: Isto é como se fosse num jogo de futebol, este número desloca-se para ali…”

3) O professor deve ser exigente (dizer as metas dele para nos irmos ajustando), cativante (captar a atenção dos alunos) e compreensivo (compreender o ritmo do aluno, os interesses, as preocupações).

Já há muito que não me deixo levar pela minha vontade de ficar na cama ou estar no computador a ver as minhas séries, forço para ter outras vontades, que também são importantes para mim, vontade de um dia ser alguém que viaja, que é culto, … que é feliz!”

Sara (nome fictício)