"Por respeito para com estes profissionais, estes heróis sem capa, fiquemos todos em casa"

Desabafos de uma psicoterapeuta em Quarentena | Dia 2

O nosso Presidente da República declarou, ontem à noite, o Estado de Emergência. Algo que não acontecia em Portugal desde 1975. Estamos neste momento a viver um marco histórico, que será sempre recordado, tanto ao nível nacional como em todo o mundo. Neste segundo dia de quarentena ainda sinto que estou a viver numa espécie de filme. Tudo parece ainda muito estranho. A rotina ainda não está completamente (de todo) instaurada mas, temos tempo. A filosofia do momento é: um dia de cada vez.

Já que se está em casa e que não devemos/podemos ir para lado algum, vamos todos fazer um esforço para tentar abrandar um pouco o ritmo.

Relativamente ao Estado de Emergência, muitos devem estar a pensar: “Mas afinal o que é que mudou?”… A meu ver, para quem já estava em isolamento social voluntário, a resposta é: muito pouca coisa e por um lado, isto nem é mau de todo. Enquanto psicoterapeuta fico feliz por observar que uma grande parte dos portugueses aderiram à quarentena voluntária. Esta força coletiva de união é boa de se ver. Há muito que não sentíamos esta força de vencer! Para quem está na mesma situação do que eu, sinto que apesar de tudo, pediram-nos tão pouco.

Este meu desabafo hoje direciona-se particularmente aos profissionais de saúde e seus familiares que não têm esta possibilidade de estar com os seus, no conforto das suas casas e que dia após dia lutam contra este flagelo. Em consultório tenho ouvido os seus desabafos, as suas ansiedades e medos. Eles andam exaustos! Por respeito para com estes profissionais, estes heróis sem capa, fiquemos todos em casa! Temos o privilégio de o fazer, por eles, por nós, por todos.

#FiquemEmCasa