Como podem os pais ajudar os filhos vítimas de Bullying?

Vânia Sousa

Bullying, o ‘braço de ferro’ de forças desequilibradas em que o que se acha mais fraco se deixa vencer. 

Um ‘braço de ferro’ onde os ‘valentões’ vão testando a força do seu poder sobre o outro entre gozos por tudo e por nada, a olhares de lado, insultos e humilhações numa escala de intimidações de formatos diversos que podem chegar até à agressão física. De salientar que seja qual for o tipo de intimidação nenhuma deve ser mais valorizada que a outra, quem define o impacto em si é quem sofre estas ações.

Um ‘braço de ferro’ tantas vezes duradouro, mas que parece invisível. Ninguém vê, ninguém quer ver, todos sabem que existe. E por ser uma realidade, nunca é demais falarmos sobre ela. 

O impacto do Bullying não é igual para todas as pessoas. A resposta ao comportamento do outro é mais ou menos assertiva, em função do nível de desenvolvimento da inteligência emocional e os recursos interpessoais disponíveis. Assim, face ao Bullying uns são resilientes, outros defendem-se e outros reprimem até ao dia em que bolha rebenta inesperadamente contra si ou contra alguém.

No entanto, quando se é intimidado o mais comum é escolher diminuir-se, sentir-se tão pequeno que vai deixando de sentir que existe, permitindo que só o outro exista e exista mentalmente num tamanho e numa força gigantesca.

E se pudesse ensinar o seu filho a escolher diferente?

Um dos aspetos que leva a que uma criança ou jovem permaneça vítima de Bullying é o facto de o manter em segredo. Nesse sentido, um dos passos passa por encorajar o seu filho a reconhecer que está a ser o alvo e contar a alguém, pedindo ajuda. Escute e valide o que ele está a sentir de forma a que se sinta compreendido e seguro. A ação que escolherem ter tem que levar em consideração os medos do seu filho e até onde ele está disposto a ir. Note que se o seu filho perceber que a ação pode reverter-se contra ele pode sentir-se ainda mais intimidado, inseguro e nunca mais partilhar qualquer experiência intimidante que possa viver.

Por outro lado, e não menos importante, é fundamental conversar com o seu filho no sentido de lhe levar consciência sobre o potencial que ele tem e que deixar-se intimidar é anular a sua força interior, o seu valor, as suas capacidades, acreditando que a verdade sobre si está do lado dos ‘valentões’ e o erro é dele. Proponha uma conversa diferente, em que o seu filho possa perspetivar que o Bullying de que é alvo é o escudo protetor das fragilidades do próprio agressor. Por vezes, basta este novo ponto de vista para que o seu filho ponha fim ao procurar o errado de si mesmo, assuma uma postura empoderada de quem acredita em si próprio e, desta forma, deixa de ser terreno fértil a mais ‘braços de ferro’ em que se dá por vencido.

Além disso, pode incentivar o seu filho a participar em atividades que lhe possibilitem criar novas relações com crianças e jovens, a construção de relacionamentos mais positivos irá contribuir para que se sinta mais confiante e protegido. Adicionalmente, se as sugestões dadas não estiverem a ser efetivas, pense em quais as competências que o seu filho precisa desenvolver e promova-as.

Saiba que adotar esta postura pode não impedir que o seu filho se deixe enredar pelas teias do Bullying, ainda assim, estará a estabelecer uma conexão com ele que dá espaço a que o impacto de eventuais experiências seja bem menor porque as consegue gerir assertivamente.