"A revolução do 25 de abril de 1974 trouxe um sentimento comum, a Esperança"

Desabafos de uma psicoterapeuta em Quarentena | Dia 31

Este ano, mais do que nunca, o 25 de abril deve ser comemorado, de uma forma diferente é certo, no entanto, acredito que seja um excelente momento para refletirmos (já que temos tempo para pensar) acerca deste conceito que todos defendem, o de liberdade. O que é a liberdade em tempo de pandemia?

Ao longo das semanas, em todo o mundo, ergueram-se opiniões e contestações relativamente à falta de liberdade consequente das medidas de isolamento. A nossa economia parou e haverá consequências a longo prazo, problemas de saúde, desemprego, salários reduzidos, perda de pessoas que nos são próximas.

No entanto, acredito que se não tivéssemos essas medidas, não iriamos estar melhor (temos o exemplo dos nossos países vizinhos). Não sinto que a minha liberdade me tenha sido retirada, simplesmente porque todos os dias sou eu que decido que quero respeitar as medidas impostas, que quero usar máscara quando saio, que quero preocupar-me com a saúde de quem me é próximo e que quero socialmente contribuir para achatar a curva epidemiológica. 

Vamos então descomplicar minha gente! A revolução do 25 de abril de 1974 trouxe, para a maior parte dos portugueses, um sentimento comum, a Esperança. Esperança num futuro melhor, com melhores condições de vida e com mais liberdade. Nunca esta Esperança fez tanto sentido como hoje! Não acham?

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
(Zeca Afonso, 1971)