A fronteira entre ser solidário
e assumir a dor do outro

Dra. Sofia Dias

Ajudar os outros é um ato de bondade. Seja bom consigo mesmo!

No dia a dia vivemos inúmeras situações que despertam o nosso senso de empatia. Ao nos depararmos com amigos, familiares ou mesmo desconhecidos que possam estar a passar por momentos difíceis, é natural sentirmos a vontade de ajudar e aliviar o seu sofrimento. No entanto, é fundamental lembrar que cada pessoa é responsável pela sua própria vida e tem seu próprio caminho a percorrer.

Oferecer apoio e compreensão é, sem dúvida, um gesto nobre e valioso. A empatia é uma qualidade humana que nos conecta e nos permite oferecer a nossa presença em momentos delicados. Porém, é necessário estabelecer uma fronteira entre ser solidário e assumir uma dor que é do outro.

Ao assumirmos as dores dos outros, corremos o risco de sobrecarregar a nossa própria saúde física e emocional. A energia que dedicamos para tentar resolver os problemas de outra pessoa pode esgotar as nossas próprias forças, deixando-nos vulneráveis, podendo comprometer a nossa capacidade de cuidarmos de nós mesmos.

É também importante compreender que cada indivíduo é responsável pelo seu próprio processo desenvolvimento e crescimento. Ao assumirmos as dores do outro, poderemos estar a privá-lo de aprendizagens fundamentais para que essa evolução pessoal ocorra. É fundamental permitir que cada pessoa siga o seu próprio caminho, oferecendo apoio, mas sem tomar para si a responsabilidade de resolver os problemas.

Além disso, poderemos também estar a fomentar um desequilíbrio nas relações interpessoais. Ao assumirmos o papel de solucionador de problemas, poderemos gerar dependência emocional e criar um senso de inaptidão no outro, criando assim uma necessidade constante de ajuda. É importante encorajar as pessoas a desenvolverem a sua própria resiliência e a procurar soluções por conta própria, dando apenas o suporte quando necessário.

Estabelecer limites saudáveis e cuidar de si mesmo não significa afastar-se ou ignorar o sofrimento alheio, mas sim encontrar uma maneira equilibrada de oferecer apoio sem comprometer a sua própria saúde mental e emocional.

A empatia é uma virtude poderosa, e podemos usá-la para criar conexões humanas significativas. No entanto, é fundamental lembrar que a nossa primeira responsabilidade é cuidar de nós mesmos. Ao encontrarmos esse equilíbrio entre cuidar do outro e cuidar de nós mesmos, seremos capazes de oferecer um apoio genuíno e estar disponíveis para aqueles que realmente precisam, sem prejudicar nossa própria jornada de crescimento e bem-estar.