A vergonha e o medo bloqueavam a minha vida

A jornada de Carla para superar a ansiedade social após injustiça laboral

Quando lutar pelos direitos se torna um pesadelo

Por vezes, situações de injustiça no trabalho podem desencadear problemas emocionais profundos que afetam todas as áreas da nossa vida. Foi o que aconteceu com Carla, quando enfrentou um conflito laboral que acabou por se transformar numa batalha pela sua dignidade profissional e pessoal.

"Foi uma situação complicada. Onde me senti injustiçada. Porque ele não me queria dar as férias que eram de lei. E eu sinto que fui bastante forte ao lutar lá na empresa para que conseguisse os meus direitos. Só que isso custou-me um despedimento."

O conflito começou quando Carla decidiu lutar pelos seus direitos laborais, nomeadamente o direito a férias previsto por lei. Esta atitude, que deveria ser normal num ambiente de trabalho saudável, acabou por resultar no seu despedimento. Mas o problema não terminou aí. O empregador tentou ir mais longe, procurando manchar a sua reputação profissional.

"Ele queria manchar o meu nome enquanto profissional. E eu não poderia deixar que essa situação fosse avante."

Quando a ansiedade toma conta

Os sintomas físicos da ansiedade começaram a manifestar-se, juntamente com sentimentos de vergonha e medo que a impediam de realizar atividades quotidianas normais.

"O meu coração batia, batia muito forte. E na altura em que fiquei desempregada estava com medo de sair de casa, com vergonha de dizer que estava desempregada. Isso bloqueava-me. E eu não conseguia sair de casa a pensar nisso."

Um dos aspetos mais debilitantes da experiência de Carla foi o medo do julgamento social. Ela desenvolveu uma preocupação constante com o que os outros poderiam pensar sobre a sua situação, chegando a acreditar que as pessoas conseguiriam identificar os seus problemas apenas por olharem para ela.

"Eu pensava assim: 'Eu, eu não vou sair de casa porque eu tenho medo que as pessoas olhem para a minha cara e que parece que sei lá, só de olharem para mim que iam identificar que eu era uma pessoa que estava a ter problemas no trabalho.'"

Esta preocupação excessiva com o julgamento dos outros é um sintoma comum de ansiedade social, que pode ser particularmente intenso em situações de vulnerabilidade como o desemprego. Carla descreve como esta ansiedade afetava até as atividades mais simples do seu dia-a-dia.

"Por exemplo, de ir ao ginásio às nove da manhã ou dez. O que é que as pessoas iam pensar? 'O que é que ela está aqui a fazer de manhã?' Isso condicionava a minha vida porque eu estava com a ideia na cabeça de que as pessoas iam olhar para mim e iam identificar que eu estava com um problema."

A importância de escolher bem os confidentes

Carla reconhece que parte do problema estava relacionado com as pessoas com quem escolhia partilhar os seus problemas. Nem sempre os nossos amigos ou familiares estão preparados para oferecer o apoio adequado em momentos de fragilidade emocional.

"Quando uma pessoa está frágil tem que desabafar com as pessoas certas."

O caminho para a recuperação

A viragem na história de Carla aconteceu quando decidiu procurar ajuda profissional. As sessões de terapia permitiram-lhe começar a recuperar o seu bem-estar emocional e a libertar-se dos medos e da vergonha que a paralisavam.

"Foi muito bom. Porque depois de fazer as sessões eu comecei-me a sentir muito melhor. Deixei de ter as crises que eu tinha, os batimentos no coração. Deixei de ter medo de sair de casa. Deixei de estar com vergonha de dizer às pessoas que tinha ficado sem trabalho. E sinto que valeu a pena fazer as sessões."

A experiência de Carla transformou-se numa fonte de força e resiliência. Ao enfrentar e superar esta situação difícil, ela desenvolveu uma nova confiança na sua capacidade de lidar com adversidades futuras.

"Quem passa por uma situação como esta e faz frente,fica preparada para qualquer coisa. Hoje já não me incomodam esses pensamentos que eu tinha. Nem sei porque é que me vinham esses pensamentos parvos à cabeça."

O testemunho de Carla ilustra como situações de injustiça laboral podem desencadear problemas de saúde mental significativos, mas também demonstra o poder da resiliência e da ajuda profissional adequada. A sua jornada de superação é um lembrete de que, mesmo nos momentos mais difíceis, é possível recuperar a confiança e a liberdade emocional.

Está a Passar por Dificuldades Semelhantes?

Se você ou alguém que conhece está a enfrentar desafios de saúde mental como ansiedade social, medo de julgamento ou problemas relacionados com situações laborais, saiba que não está sozinho e que há ajuda disponível.

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