Quando o Medo Surge Sem Aviso

Imagine estar a desfrutar de um momento calmo — a ler um livro, a ver televisão ou a conversar com amigos — e, de repente, sentir o coração acelerar, a respiração tornar-se difícil, tonturas e uma sensação intensa de que algo terrível está prestes a acontecer. Mesmo sem uma ameaça real, o corpo reage como se estivesse em perigo iminente.
"É como se o seu corpo acreditasse que está perante uma ameaça, mesmo quando não existe perigo algum."
O Que São Ataques de Pânico?
Um ataque de pânico é uma súbita onda de medo intenso ou desconforto físico que se manifesta em diversos sintomas físicos e emocionais, tais como:
- Batimentos cardíacos acelerados ou palpitações
- Falta de ar ou sensação de sufoco
- Tonturas ou sensação de desmaio
- Tremores e suores frios
- Sensação de perda de controlo ou medo de “enlouquecer”
- Desconexão da realidade, como se estivesse fora do seu próprio corpo
Estes sintomas surgem de forma repentina e podem durar de 10 a 30 minutos, deixando uma sensação de vulnerabilidade e um medo persistente de que o ataque possa voltar a acontecer.
Por Que Acontecem Mesmo Sem Stress Aparente?
Embora o primeiro evento traumático seja a principal razão pela qual os ataques de pânico se tornam recorrentes, há outros fatores que podem contribuir para o surgimento de ataques de pânico mesmo em momentos de calma:
1. Stress Acumulado
Mesmo que não esteja sob pressão imediata, o stress pode acumular-se no corpo ao longo do tempo. Situações como preocupações financeiras, problemas no trabalho ou questões familiares podem ir-se acumulando sem que perceba. O corpo armazena essa tensão, e, eventualmente, esse stress acumulado pode manifestar-se num ataque de pânico, mesmo que não se sinta particularmente ansioso naquele momento específico.
2. Hipervigilância ao Corpo
Após ter experienciado o primeiro ataque de pânico, muitas pessoas tornam-se extremamente sensíveis a qualquer alteração física no corpo. Um pequeno aumento no batimento cardíaco, uma ligeira tontura ou até um suspiro mais profundo podem ser suficientes para desencadear o medo de que um novo ataque de pânico está a começar. Esta hipervigilância cria um ciclo de ansiedade, onde o corpo está constantemente à procura de sinais de perigo, mesmo quando não existe uma ameaça real. De facto, uma investigação publicada no European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience por Saiz-Masvidal e colaboradores (2024) comprovou que a hipervigilância é um componente crítico na psicopatologia dos transtornos de ansiedade, contribuindo significativamente para a sensibilidade aumentada a potenciais ameaças e para a manutenção dos sintomas ansiosos. O estudo explora as correlações neurobiológicas destes processos, reforçando como a atenção excessiva aos sinais internos pode perpetuar o ciclo de pânico.
3. Gatilhos Emocionais Inconscientes
Há também a possibilidade de os seus ataques de pânico estarem a ser desencadeados por gatilhos emocionais que não está consciente de imediato. Pode ser algo tão simples como um som, um cheiro ou uma situação que o faz lembrar inconscientemente do primeiro ataque de pânico. Mesmo que não consiga identificar esses gatilhos, o seu corpo está a reagir automaticamente ao medo que associou a esses momentos.
Como a Psicoterapia HBM Pode Ajudar
Na Clínica da Mente, o Programa de 8 Semanas com Psicoterapia HBM foi desenvolvido para ir à raiz do problema. Esta abordagem terapêutica trabalha diretamente com os bloqueios emocionais e padrões inconscientes, ajudando a:
- Identificar os gatilhos emocionais
- Libertar tensões acumuladas e traumas antigos
- Restaurar a confiança no próprio corpo
- Reduzir o medo e a vigilância constante
"Não basta acalmar o corpo — é preciso escutar o que ele tenta dizer."
É Possível Voltar a Confiar no Corpo
Entender a base dos ataques de pânico é um acto de empoderamento. Quando deixa de temer os sintomas, começa a recuperar o controlo. E é a partir daí que tudo muda.
"O primeiro passo para deixar de temer os ataques de pânico é compreendê-los. O segundo… é tratá-los."