POC: os rituais que aprisionam
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A Perturbação Obsessiva Compulsiva – POC é um distúrbio psicológico que afeta cada vez mais pessoas, causando graves limitações no dia-a-dia das pessoas que sofrem, mas também condicionando a vida de toda a família. 

O Dr. Pedro Brás esteve na ‘Praça da Alegria’ a falar sobre este tema tão importante e com ele esteve a Fátima, mãe de um menino que sofreu de POC durante alguns anos, mas que agora está tratado e sem qualquer recurso a medicação – apenas com Psicoterapia HBM.

Praça da Alegria | RTP 1

O que é POC?

A POC é uma Perturbação Psicológica de deriva do Distúrbio da Ansiedade.
Não é uma Doença Psiquiátrica Crónica que só tem cura com recurso a medicação. 
É caracterizada por pensamentos intrusivos e incontroláveis (obsessões) e comportamentos repetitivos (compulsões). 

Estes pensamentos/comportamentos surgem como resposta a situações sentidas como ameaçadoras, mesmo quando o perigo não é real.

Como identificar uma pessoa que tem POC?

As pessoas que sofrem com POC apresentam alguns dos sintomas característicos da Ansiedade como por exemplo, tensão, tremores, insegurança, taquicardia, taquipneia, etc.
Para além destes sintomas é frequente apresentar:

  • Pensamentos estranhos que não saem da cabeça
  • Imagens mentais perturbadoras
  • Medo de perder o controlo
  • Medo da contaminação, doenças e/ou morte
  • Verificações constantes (ver se as portas e janelas estão fechadas)
  • Contagens constantes
  • Lavar partes do corpo repetida e compulsivamente
  • Repetir palavras
  • Repetir determinada tarefa para prevenir que algo de mal aconteça

Como distinguir uma pessoa com POC de uma pessoa com hábitos e rotinas?

O ser humano é um ser de hábitos e de rotinas. E nada de mal ou patológico há com isso! É normal que todos nós estabeleçamos tarefas diárias que nos ajudam a gerir o nosso tempo de forma mais eficaz e a estabelecer prioridades. É uma estratégia positiva e que reduz o nível de ansiedade potencialmente gerado.
Assim sendo, impõe-se a questão: 

“Como posso identificar que os meus comportamentos não são normais, mas sim característicos da POC?”

A resposta tem a ver com o nível de condicionamento no nosso quotidiano. Quando os pensamentos/comportamentos deixam de ser facilitadores do nosso dia a dia, passando, inclusivamente, a perturbar e condicionar a nossa vida, estamos perante um caso de POC. Mais grave ainda, quando condicionamos a vida e as rotinas da nossa família nuclear ou até no nosso local de trabalho. 

Daí, a importância de todas as pessoas saberem reconhecer os sinais e sintomas desta perturbação, porque tem tratamento e sem recurso a medicação. E quanto mais precocemente for identificada, mais eficaz e rápido é o tratamento.

Quais as causas mais comuns da POC?

Podemos afirmar que há duas grandes causas que estão na base da POC: Experiências Passadas Traumáticas e Crenças Erróneas

As Experiências Passadas Traumáticas, que causaram medo e Ansiedade, vão ser associadas a “experiências seguras”. Estas experiências serão convertidas em Compulsões/Rituais”. As pessoas acreditam que se não fizerem determinada coisa, vão sentir novamente a ansiedade e o pânico sentido no passado. Estes comportamentos são o “escudo protetor “à ameaça potencial e irreal.

Por outro lado, as Crenças Erróneas são questões culturais e socias adquiridas por aprendizagem. Estas crenças podem condicionar o nosso comportamento e bloquear o nosso pensamento com medo em represálias que são incutidas erradamente através destas crenças.

E quando a POC afeta a família? O que fazer?

Infelizmente, a POC condiciona a vida de quem a carrega, mas também a vida dos familiares. A família é afetada de duas formas:

  • Sofre por ver o sofrimento do seu familiar
  • Sofre porque muitas vezes são envolvidos nos rituais, direta ou indiretamente

Quando vemos que um ente querido demora 3 horas para sair de casa para o trabalho porque não consegue parar de se lavar ou quando vemos que o nosso familiar come sempre com os mesmos talheres, que são lavados de determinada forma e que por isso não vai jantar fora, não tem vida social, isso é motivo de grande sofrimento.

Paralelamente a isso, há pessoas que envolvem diretamente os seus familiares nos rituais. Os diversos membros da família podem ser “obrigados” a cumprir determinadas tarefas para que a pessoa com POC se sinta bem e aliviada.

E nestes casos como devemos agir?

Cada caso é um caso, contudo o familiar tem de compreender a doença. Ler, informar-se e aconselhar-se com um especialista.
No entanto, a atitude do familiar deve ser equilibrada, ou seja, não deve ceder e colaborar com todos os rituais, mas também não pode contrariar e negar-se a fazer todos.

Numa fase inicial do tratamento deve colaborar um pouco mais, de modo a não aumentar os níveis de ansiedade da pessoa que sofre de POC. Com o decorrer do tratamento pode e deve contrariar e recusar-se a cumprir as “ordens” de modo a orientá-lo para a realidade.

Existe tratamento?

Sim, existe. O tratamento mais aconselhado é a Psicoterapia porque vai intervir na origem do problema. A Psicoterapia HBM tem excelentes resultados clínicos porque encontra o evento e/ou crença que estão na origem da POC e, deste modo, faz com que a pessoa deixe de ter rituais/compulsões porque os desassociou dos pensamentos intrusivos que estavam na sua origem.