Qualidade de vida e satisfação sexual dos casais inférteis

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde estima-se que o número de casais inférteis tenha vindo a aumentar nestes últimos anos. Em Portugal, relata-se que 10% dos casais se encontram em situação de infertilidade. A planificação de uma descendência surge, em geral, após o alcance de uma estabilidade pessoal, social, económica e laboral. Existe desta forma uma discordância entre a idade cronológica e biológica do casal, fomentando assim severas dificuldades na procriação. Corroborando este facto, a própria natureza do ser humano revela-se pouco fértil: sabe-se que para cada ciclo ovariano um casal tem entre 20 a 30% de probabilidade de conseguir uma fecundação. Existe também uma disparidade de valores entre o número de filhos desejado e o número real em toda a Europa, 2.2 e 1.45, respetivamente. Esta diminuição da taxa de fertilidade é também explicada pelo aumento de casais inférteis. Neste sentido, a European Society of Human Reproduction and Embriology, E.S.H.R.E., define a infertilidade como a ausência de gravidez após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas. O aumento flagelante desta condição nos últimos anos favoreceu o seu interesse em diversas áreas da saúde e mais especificamente na área da saúde reprodutiva.

Casal a olhar o horizonte no mar no por do sol com gaivotas no céu

O interesse pela investigação da infertilidade torna-se cada vez mais evidente, na medida em que se trata de uma condição mundial que acarreta importantes consequências. Desde o nascimento de Louise Brown em 1978, primeiro nascimento mediante técnicas de reprodução medicamente assistida, a problemática da infertilidade tem sido esmiuçada no seu nível mais primário (biológico), identificando e avaliando as suas causas, aumentando desta forma o leque de possibilidades de tratamento e/ou de resolução. Esta revolução médica e os resultados alcançados têm vindo a despertar o interesse público, facultando à população em geral um certo grau de conhecimento e aumentando desta forma a esperança dos casais inférteis.

Contudo, esta nova era da medicina provocou uma separação involuntária entre o soma e a psyche. Durante muito tempo, o corpo tornou-se objeto central das atenções, a determinação em descobrir soluções para este problema de saúde pública sobrepôs-se aos factores psicossociais inerentes a cada indivíduo.

A dinâmica conjugal tem um papel importante na vivência da infertilidade, assim como esta tem impacto na vida conjugal e na satisfação sexual do casal.

Neste sentido, foi realizado um estudo que objetiva uma análise do impacto da infertilidade na qualidade de vida e satisfação sexual do casal infértil em tratamento prolongado. A amostra de conveniência é constituída por 86 participantes e 13 casais identificados. Ademais, 20,9% da amostra é do sexo masculino enquanto 79,1% é do sexo feminino. A idade média dos indivíduos é de 34,22 anos. O estudo é predominantemente quantitativo, do tipo descritivo e transversal.

Atendendo aos resultados do estudo realizado, podemos inferir a existência de correlações significativas entre a satisfação sexual, a qualidade de vida do casal e algumas variáveis sociodemográficas relacionadas com aspetos da infertilidade, nomeadamente o tempo de infertilidade, o número de tratamentos efetuados, o tempo em tratamento e a duração do relacionamento atual do casal.