Impacto da COVID-19
na Saúde Mental | Porto Canal
Todos os dias, somos confrontados com uma grande quantidade de informação relativamente à doença COVID-19. A crescente proliferação do vírus requer atualizações frequentes e novas diretrizes para que todos nós, enquanto grupo, consigamos conter a sua propagação.
Cada um de nós deve compreender que esta situação de pandemia, requer o cumprimento das medidas de prevenção e de contenção definidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela DGS (Direção-Geral da Saúde), como também uma consciencialização da influência do mesmo na nossa Saúde Mental.
Neste sentido, e com o intuito de desmistificar o peso psicológico associado ao novo coronavírus, segue uma descrição detalhada dos principais fatores potenciadores de Ansiedade perante a COVID-19:
- Um dos primeiros fatores que podemos identificar é, como o seu nome indica, ser um novo coronavírus. De forma geral e instintiva, todos nós temos medo do desconhecido. Até a data de hoje, sabemos que vários estudos estão a ser realizados, mas ainda não se conseguiu perceber nem a origem deste vírus, nem a forma de o combater. Esta incompreensão provoca em cada um de nós uma preocupação e Ansiedade perante a doença. Em termos de comparação e de exemplo, de forma geral, a maior parte da população mundial tem pouco medo da tão conhecida gripe. Isto porque sabemos que existe uma multiplicidade de informação, tratamentos e um conhecimento maior e apesar de existir taxa de mortalidade, ter e dominar o conhecimento apazigua e tranquiliza-nos.
- A rápida divulgação da informação através das novas tecnologias representa outra variável potenciadora de Ansiedade. Somos diariamente “bombardeados” com informações de última hora, vemos quase ao minuto, o número de casos infetados e/ou de mortes a crescer; observamos países com hospitais à beira do colapso. Sem esquecer as fotos e vídeos chocantes e falsas notícias, dicas de curas caseiras e a leviandade de algumas mentes céticas e iludidas. Quer queiramos quer não, somos obrigados a falar do Covid-19 e tudo isto, deixa-nos mais preocupados e consequentemente mais ansiosos.
- Todos nós sabemos que esta altura do ano é propícia a alergias ou até gripes. No entanto, acredito que todos nós, pelo menos uma vez neste último mês, entrou num estado automático de hipervigilância quando viu ou ouviu alguém tossir ou espirrar. Devido às circunstâncias em que nos encontramos, esta resposta automática é reativa. Contudo, uma grande parte das pessoas consegue relativizar e desvalorizar esta preocupação. No entanto, pessoas tendencialmente ansiosas podem vir a desenvolver preocupações emocionalmente difíceis de controlar, como por exemplo, Ataques de Pânico, Obsessões, hipocondrias, entre outras.
- Infelizmente, a proliferação do vírus tem acarretado comportamentos xenófobos e racistas. O vírus teve a sua origem na China, é verdade, aconteceu. Mas isso não quer dizer que todas as pessoas de origem chinesa tenham a doença COVID-19. Somos todos seres humanos e neste momento, mais do que nunca, devemos nos unir para combater este novo coronavírus.
- Um último fator potenciador de Ansiedade ligada ao vírus é o impacto psicológico da quarentena. A quarentena simboliza, de certa forma, a perda de controlo por parte do indivíduo. Perda da sua própria rotina e da sua liberdade. A pessoa deve-se manter isolada dos seus familiares e amigos, tendo exclusivamente contacto com profissionais de saúde, se necessário. Kin-Wing Cheng na sua investigação demonstrou que a quarentena aumenta os sintomas de Ansiedade e de Depressão, assim como os sentimentos de medo, solidão, abandono e estigma.